Sulumanidades
Vozes da luta socioambiental na América do Sul
Por Tainah Ramos
No livro Ideias para adiar o fim do mundo, o escritor e intelectual indígena Ailton Krenak provoca ao dizer que há uma “sub-humanidade”, para simbolizar os povos que vivem agarrados ao organismo que é a terra. São aqueles que vivem à margem de uma “humanidade” que subjuga a natureza para explorá-la, vivem em harmonia e em busca da defesa de cada elemento dos ecossistemas.
Em cada pedaço de terra da América do Sul, esse lugar explorado por uma ideia colonial que nunca terminou, existem essas sub-humanidades enfrentando o desmatamento, a perda de tradições de povos originários, a desapropriação de territórios, a mineração, a violência, a contaminação das águas e a extinção em massa de outras espécies.
Desse modo, Sulumanidades: vozes da luta socioambiental na América do Sul traz exemplos de grupos em resistência. Cada reportagem tem como ponto de partida um trecho de As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, para representar um processo de aniquilamento de territórios e comunidades por uma ideia colonialista-capitalista.
Os países incluídos são todos do subcontinente da América do Sul com o passado marcado pela colonização espanhola e portuguesa, com um núcleo comum de problemas coloniais e unidade linguística similar. Sendo assim, não estão representados Suriname, Guiana e Guiana Francesa, embora os problemas também existam.
O Brasil tem dois representantes por equivaler a quase metade do território sul-americano de modo que pudesse ser considerado dois períodos históricos: a colonização portuguesa no litoral do Atlântico e a interiorização do modelo extrativista em direção à Amazônia.
A série compreende dez reportagens com as seguintes organizações: Pulmón Verde Esperanza (Argentina), El Llamado del Bosque (Bolívia), Instituto Guaicuy e Operação Amazônia Nativa (Brasil), Red por la Superación del Modelo Forestal (Chile), El Buen Vivir (Colômbia), Yasunidos (Equador), Asociación Defensores del Chaco Pypore (Paraguai), Lomas de Pamplona (Peru), Nativos Punta Colorada (Uruguai) e Observatorio de Ecología Política (Venezuela).